sábado, 16 de maio de 2009

para todos... os que quiserem ler

Aqui fica, é de Kant e é muito actual. Principalmente para quem acabou de falar em Aristóteles, Locke e Rawls.

"[...] a sociabilidade insociável dos homens, isto é, a sua tendência para entrar em sociedade; essa tendência, porém, está unida a uma resistência universal que, incessantemente, ameaça dissolver a sociedade. Esta disposição reside manifestamente na natureza humana. O homem tem uma inclinação para entrar em sociedade, porque em semelhante estado se sente mais como homem, isto é, sente o desenvolvimento das suasdisposições naturais. Mas tem também uma grande propensão para se isolar, porque depara ao mesmo tempo em si com a propriedade insocial de querer dispor de tudo a seu gosto e, por conseguinte, espera resistência de todos os lados, tal como sabe por si mesmo que, da sua parte, sente inclinação para exercer a resistência contra os outros. Ora, esta resistência é que desperta todas as forças do homem e o induz a vencer a inclinação para a preguiça e, movido pela ânsia das honras, do poder ou da posse, a obter uma posição entre os seus congéneres, que ele não pode suportar, mas dos quais também não pode prescindir."
Immanuel Kant, Ideia de uma história universal com um propósito cosmopolita

sábado, 9 de maio de 2009

11 | materiais (3)

Sobre a dificuldade em ser objectivo:

“Quando os cientistas têm de escolher entre teorias rivais, dois homens comprometidos completamente com a mesma lista de critérios para escolha podem, contudo, chegar a conclusões diferentes. Talvez interpretem a simplicidade de maneira diferente ou tenham convicções diferentes sobre o âmbito de campos em que o critério de consistência se deva aplicar. Ou talvez concordem sobre estas matérias, mas difiram quanto aos pesos relativos a ser acordados a estes ou a outros critérios, quando vários deles se desenvolvem em conjunto. No que respeita a divergências deste género, nenhum conjunto de critérios de escolha já proposto é útil. Um pode explicar, como faz de modo característico o historiador, por que razão homens particulares fizeram escolhas particulares em tempos particulares. (…)

Algumas das diferenças que tenho em mente resultam da experiência anterior do indivíduo como cientista. Em que parte do campo trabalhava ele, quando se confrontou com a necessidade de escolher? Por quanto tempo trabalhou nele; qual foi o seu êxito; e quanto do seu trabalho dependeu de conceitos e técnicas impugnados pela nova teoria? Outros factores importantes para a escolha ficam fora das ciências. (…) Ainda outras diferenças significativas são funções da personalidade. Alguns cientistas põem mais ênfase do que outros na originalidade e têm mais vontade, portanto, em tomar riscos; alguns cientistas preferem teorias compreensivas, unificadas para soluções de problemas exactos e pormenorizados de alcance aparentemente mais restrito. (…) O meu ponto é, portanto, que toda a escolha individual entre teorias rivais depende de uma mistura de factores objectivos e subjectivos, ou de critérios partilhados e individuais.”

Thomas Khun – A Tensão Essencial

11 | materiais (2)

Ainda sobre as características de uma boa teoria científica:

“Começarei por perguntar: quais são as características de uma boa teoria científica? Entre muitas das respostas usuais, seleccionei cinco, não porque sejam exaustivas, mas porque são individualmente importantes e em conjunto suficientemente variadas para indicar o que está em jogo. Em primeiro lugar, uma teoria deve ser exacta: quer dizer, no seu domínio, as consequências deduzíveis de uma teoria devem estar em concordância demonstrada com os resultados das experimentações e observações existentes. Em segundo lugar, uma teoria deve ser consistente, não só internamente ou com ela própria, mas também com outras teorias correntemente aceites e aplicáveis a aspectos relacionados da natureza. Terceiro, deve ter um longo alcance: em particular, as consequências de uma teoria devem estender-se muito para além das observações, leis ou subteorias particulares, para as quais ela estava projectada em princípio. Quarto, e relacionado de perto com o anterior, deve ser simples, ordenando fenómenos que, sem ela, seriam individualmente isolados e, em conjunto, seriam confusos. Quinto – (…) deve ser fecunda quanto a novas descobertas de investigação: deve desvendar novos fenómenos ou relações anteriormente não verificadas entre fenómenos já conhecidos. Estas cinco características - exactidão, consistência, alcance, simplicidade e fecundidade - são todas elas critérios padronizados para a avaliação da adequação de uma teoria.

Thomas Kuhn, A Tensão Essencial

11 | materiais (1)

Como o prometido é de vidro (logo, facilmente quebrável), aqui estão aquelas que são, para Kuhn, as características de uma boa teoria científica:

Precisão (ou exactidão) – “o cientista deve escolher a área em que a exactidão é mais significativa”; a melhor teoria será aquela que nos proporcione os resultados mais exactos e que prevê com mais rigor fenómenos futuros. Nas palavras de Kuhn: “as consequências deduzíveis de uma teoria devem estar em concordância demonstrada com os resultados das experimentações e observações existentes”.

ConsistênciaAs teorias devem ser ter uma lógica interna e ser consistentes com a explicação científica de outros fenómenos. Assim, cada teoria deve ser consistente “não só internamente ou com ela própria, mas também com outras teorias correntemente aceites e aplicáveis a aspectos relacionados da natureza”. (é fácil perceber que a consistência facilita imenso a aceitação por parte da comunidade científica)

Alcance – Cada teoria é aplicável (e explica), não apenas aos fenómenos particulares observados, mas a muitos outros. “As consequências de uma teoria devem estender-se muito para além das observações, leis ou subteorias particulares, para as quais ela estava projectada em princípio”.

Simplicidade – Para além de parcimoniosa, a teoria deve tornar simples o que antes parecia complicado ou confuso. A teoria deve ordenar “fenómenos que, sem ela, seriam individualmente isolados e, em conjunto, seriam confusos.

Fecundidade – Cada teoria deve abrir caminho para novas descobertas. Deve “desvendar novos fenómenos ou relações anteriormente não verificadas entre fenómenos já conhecidos

quarta-feira, 6 de maio de 2009

10 | questões/divertimento

Porque o meu grande objectivo na vida é que os meus alunos se divirtam...

1. Explique o princípio-base do emotivismo.

2. Diga quais são as diferenças entre o argumento da diversidade cultural e o da coesão e tolerância.


3. Imagine que é um opositor ao relativismo cultural, que argumento (só 1) utilizaria para refutar esta tese?


4. Aponte as principais razões para que consideremos importante o diálogo entre culturas.


5. “Jeremy Bentham e John Stuart Mill defendem o mesmo”. Concorda com esta afirmação? Justifique a sua resposta. (se disserem que concordam levam!!)


6. Conselho 1. vejam o exemplo da ostra.


7. Stuart Mill defende que as acções que promovem o Princípio da Maior Felicidade devem ser consideradas boas. O que é o Princípio da Maior Felicidade?


8. Por que razão se diz que o utilitarismo é uma forma de ética consequencialista?


9. Imagine que é um opositor do utilitarismo que argumento(s) utilizaria para refutar esta tese?

10. Distinga acções por dever de acções contrárias ao dever.

11. Explique o significado da frase: “Sendo [o princípio da felicidade] o fim da acção humana, é também necessariamente o padrão da moralidade”.


12. Por que razão Stuart Mill recusa que o sacrifício seja, por si só, um bem?


13. Porque é que o autodomí­nio, o poder de serena reflexão, a coragem, a decisão e a perse­verança não podem ser considerados bons nem maus, segundo Kant?


14. O que entende Kant por “boa vontade”?


15. Conselho 2. amem a filosofia!!